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scriptorium

"Tal como surgiu diante dos meus olhos, a esta hora meridiana, fez-me a impressão de uma alegre oficina da sabedoria." (Umberto Eco, O Nome da Rosa)



Sábado, 01.02.14

WISLAWA SZYMBORSKA

As três mais estranhas palavras

 

Quando pronuncio a palavra Futuro,

a primeira sílaba parte já para o passado.

 

Quando pronuncio a palavra Silêncio,

aniquilo-o.

 

Quando pronuncio a palavra Nada,

crio algo sem cabimento em nenhum não-ser.

 

[Tradução (do polaco) de Júlio Sousa Gomes]

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por Maria Almira Soares às 22:49

Sábado, 01.02.14

O MEDO DE NÃO TER MEDO

Portugal-Hoje-O-Medo-de-Existir.jpg

Ainda a propósito da leitura e discussão, em comunidade de leitores, do livro do José Gil Portugal Hoje, o Medo de Existir:

Há quem decrete que o  «medo de existir», que José Gil, em 2004, diagnosticou na vida portuguesa, está morto e afirme que isso do medo é coisa do passado... Há quem diga que, passados dez imensos anos, coisa para ser capaz de nos mudar a mentalidade que séculos não mudaram (como se os hojes da História fossem coisa para durar dez anos), há quem diga que, hoje, já não caberia falar desse «medo» do livro de José Gil, datado, já sem interesse, aborrecido até... porque já rompemos o fechamento, já nos tornámos livremente afirmativos, somos campeões da intervenção na esfera pública, no espaço institucional, no âmbito cultural... Há quem afirme que já deixámos positivamente de ter «medo de existir», que somos agora os que pensam e agem aberta e livremente, Joões-sem-Medo para quem deixou de haver muros intimidatórios...

A mim, parece-me outra coisa. A mim, parece-me que quem acha que já não há quem tenha medo nem sequer razões para que tal coisa exista porque todos os muros caíram, a mim, parece-me que quem assim pensa é alguém que engole pacificamente os novos dispositivos de controlo da sua existência e as novas formas de cerceamento dos seus horizontes, alguém que tem medo de algum dia chegar a não ter medo, na crença de que «o medo guarda a vinha». Guardará, guardará... Mas de quem e para quem?

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por Maria Almira Soares às 18:27


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