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scriptorium

"Tal como surgiu diante dos meus olhos, a esta hora meridiana, fez-me a impressão de uma alegre oficina da sabedoria." (Umberto Eco, O Nome da Rosa)



Domingo, 09.02.14

O MONTE DOS VENDAVAIS

LEMBRANDO LEITURAS...

 

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por Maria Almira Soares às 19:49

Domingo, 09.02.14

MAU TEMPO NO CANAL

LEMBRANDO LEITURAS...

 

 

 

 

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por Maria Almira Soares às 11:52

Sábado, 08.02.14

QUEM ME DERA SER ONDA

LEMBRANDO LEITURAS...

 

 

 

 

 

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por Maria Almira Soares às 22:40

Quarta-feira, 05.02.14

PERGUNTAS

 

       Experimentemos admitir que, na encruzilhada do currículo, do programa, do manual, da biblioteca, da ideia da promoção do gosto de ler ou da utilidade da leitura, da porosidade da escola, da dialética tradição/renovação, da função de controlo do professor, os textos que se leem em aula, sejam aquilo a que chamamos textos clássicos e perguntemos:

- O que é ler um clássico?

- O que é ler um clássico na escola?

- Que tipo de tensão gera a leitura escolar dos clássicos: estranheza? exotismo? curiosidade?

- Que tipo de intervenção decifradora se torna necessária?

- A intervenção decifradora desarma a força do texto ou mobiliza respostas?

- Os textos clássicos capitalizam dificuldades de leitura, ampliando-as?

- A comparação com leituras fáceis vitimiza os clássicos? Ou a leitura dos clássicos esconjura a leitura fácil e fortalece a capacidade de ler?

- A leitura naïve de um texto clássico pode inverter positivamente a ilusão da leitura fácil?

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por Maria Almira Soares às 17:02

Segunda-feira, 03.02.14

TROCA DE PALAVRAS

 

O PORMENORZINHO

 

 

Tinham chegado! Tinham chegado as primeiras provas do seu próximo romance. Nessa tarde, iria atacá-las. E atacou. Como quem se prepara para uma tarefa aliciante, o escritor esfregou as mãos, inclinado sobre a resma de folhas de papel à sua frente. Chávena de café sobre a mesa, Antena 2 em modo pianinho, lançou-se ao trabalho de revisão  que só não era uma grande maçada, porque ele descobrira um modo de o tornar estimulante: transformara-o numa luta linguística com o revisor da editora que já fizera as primeiras correções; descobrira o gozo imenso de apanhar em falha tão assertiva personagem. No passado, houvera já épicas sessões de teima e contra-teima de que saíra triunfante e que lhe tinham dado um gozo dos diabos. Neste campo, achava-se imbatível. E achava, também, que o revisor ia sempre longe demais e, às vezes, metia a pata na poça. Mas, desta vez, nada, estava tudo muito morno: folha após folha, a bica fora-se, a música tornara-se inaudível e nada! Nem um motivo para chamar o revisor a duelo. Quase bocejando, os olhos iam descendo texto abaixo e ...

— Alto! Alto, lá!

Não é que o revisor ousara o traço vermelho sobre o seu querido nefando?! Logo sobre o seu querido nefando! E não é que o substituíra por nefasto?!

Nefasto?!

Talvez fosse sinónimo, talvez, mas era muito mais feio. Com aquela terminação em –asto, a cheirar a casa de pasto... Que horror! Nada como a nasalidade do seu nefando alongando-se pela lonjura como um eco! Desde a adolescência que o escritor adorava os sons nasais.

— Estes revisores são uns castradores da criatividade artística! Este, então! Verdadeiro osso duro de roer! Que mania, esta, de se arrogar o poder de escolha das palavras!

Rapidamente, traçou um risco sobre o risco e anotou: «É nefando. Fica nefando. Sem discussão.»

Só que havia um pormenorzinho. E, como diz o ditado, nos pormenores é que... O caso é que toda a linha temática do romance assentava num homem roído por medos supersticiosos... o caso é que o momento crucial da intriga, fatalmente aziago, ocorrera quando o homem muito supersticioso fora olhado por alguém que, com esse olhar, lhe amaldiçoara o resto da vida, achava ele. E era esse o olhar que o escritor queria nefando e o revisor desejava nefasto. E o sábio revisor sabia. Retornadas as provas à editora, ei-lo que resolve telefonar ao romancista:

.........................................

— ... Oh, senhor doutor (o escritor também era doutor), o  olhar que amaldiçoou o seu homem não pode ser nefando, ou seja, ‘indescritível’. Nem sequer 'demasiado horroroso que não deva ser mencionado'.Tanto assim é, que o senhor gasta duas páginas a descrevê-lo e, nelas, entre outros qualificativos usa os adjetivos belo e doce, atribuindo ao paranoico terror supersticioso do seu homem a interpretação que dele faz. Não obstante, ele é, sim isso é que ele é, bastante nefasto: estraga-lhe completamente o resto da vida.

.............................................

O escritor correu ao dicionário, a que nunca recorrera a este propósito, enfeitiçado que estava pela amada nasalidade da palavra nefando e preso que estava à convicção antiquíssima de que nefando e nefasto eram sinónimos. Mas não eram. Ali estava, preto no branco.

— O raio do picuinhas do revisor tem razão!

Deu uma palmada furiosa no inocente dicionário e encaixou. O encontro tinha sido verdadeiramente nefasto. Encaixou, mas recuperou. Recuperou até muito bem. Era vê-lo, passados uns tempos, a invetivar um ecrã de televisão:

— Ó parolo, essa não é uma série de acontecimentos nefandos! Nefastos, pá, nefastos! Os acontecimentos são ne-fas-tos. Se fossem nefandos, tu não tinhas passado os últimos dez minutos a...

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por Maria Almira Soares às 21:47

Domingo, 02.02.14

AGUSTINA BESSA LUÍS

 

 

Saudades de Agustina...

 

 

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por Maria Almira Soares às 19:54

Sábado, 01.02.14

WISLAWA SZYMBORSKA

As três mais estranhas palavras

 

Quando pronuncio a palavra Futuro,

a primeira sílaba parte já para o passado.

 

Quando pronuncio a palavra Silêncio,

aniquilo-o.

 

Quando pronuncio a palavra Nada,

crio algo sem cabimento em nenhum não-ser.

 

[Tradução (do polaco) de Júlio Sousa Gomes]

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por Maria Almira Soares às 22:49

Sábado, 01.02.14

O MEDO DE NÃO TER MEDO

Portugal-Hoje-O-Medo-de-Existir.jpg

Ainda a propósito da leitura e discussão, em comunidade de leitores, do livro do José Gil Portugal Hoje, o Medo de Existir:

Há quem decrete que o  «medo de existir», que José Gil, em 2004, diagnosticou na vida portuguesa, está morto e afirme que isso do medo é coisa do passado... Há quem diga que, passados dez imensos anos, coisa para ser capaz de nos mudar a mentalidade que séculos não mudaram (como se os hojes da História fossem coisa para durar dez anos), há quem diga que, hoje, já não caberia falar desse «medo» do livro de José Gil, datado, já sem interesse, aborrecido até... porque já rompemos o fechamento, já nos tornámos livremente afirmativos, somos campeões da intervenção na esfera pública, no espaço institucional, no âmbito cultural... Há quem afirme que já deixámos positivamente de ter «medo de existir», que somos agora os que pensam e agem aberta e livremente, Joões-sem-Medo para quem deixou de haver muros intimidatórios...

A mim, parece-me outra coisa. A mim, parece-me que quem acha que já não há quem tenha medo nem sequer razões para que tal coisa exista porque todos os muros caíram, a mim, parece-me que quem assim pensa é alguém que engole pacificamente os novos dispositivos de controlo da sua existência e as novas formas de cerceamento dos seus horizontes, alguém que tem medo de algum dia chegar a não ter medo, na crença de que «o medo guarda a vinha». Guardará, guardará... Mas de quem e para quem?

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por Maria Almira Soares às 18:27

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