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"Tal como surgiu diante dos meus olhos, a esta hora meridiana, fez-me a impressão de uma alegre oficina da sabedoria." (Umberto Eco, O Nome da Rosa)
Trata-se de uma escola que prefere não produzir atrito nem estranheza e reivindica a realização cabal e feliz da criança. Ao fazê-lo, a educação escolar concebe-se como se ela própria fosse o fim para o qual trabalha, como coisa que se cumpre no imediato e, por isso, logo gera satisfação, subtraindo à educação o desconforto de se fazer como um processo de resultado diferido. A deslocação do professor, nesta nova ecologia escolar, faz parte do episódio mais nomeado pelos críticos deste processo, o da facilitação, a que, frequentemente e pejorativamente, insistem em chamar «facilitismo». A dinâmica de facilitação, instaurada nas práticas educativas escolares, é convergente com a transformação do professor/mestre em professor/agente educativo entre outros agentes educativos; não deriva de princípios pedagógicos cientificamente sustentados e a sua natureza pragmática contribui para o reforço da sua consolidação. Não obstante este processo de pluralização, diversificação plana, naturalização da escola e das ações nela decorrentes, a aula, detentora de uma significação muito específica e muito formal, não perdeu o seu lugar na sua representação, positiva/negativa, quer no vocabulário quer no imaginário escolares. Há certamente razões para que estas transformações, tendentes a diluir o professor e a aula num conjunto alargado de agentes e de ações, não tenham logrado, na referência escolar, desenraizá-los do seu lugar forte.
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