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"Tal como surgiu diante dos meus olhos, a esta hora meridiana, fez-me a impressão de uma alegre oficina da sabedoria." (Umberto Eco, O Nome da Rosa)
A ignorância é um obstáculo à mudança. Quanto menos se conhece um terreno, mais medo se tem de nele dar um passo. Fica-se agarrado ao pedaço de pedra onde se nasceu, com que se nasceu. Ignora-se que essa pedra faz parte de um vasto mosaico cujas pedras já dançaram várias vezes ao sabor dos inevitáveis movimentos tectónicos da comunicação. Movimentos de origens e naturezas várias, a profundidades várias. Crê-se, denegando o saber, que a pedra em que se nasceu é sólida como um princípio a venerar, a respeitar, a defender, a conservar. E tem-se medo de que se estrague. Ignora-se que ela própria, essa pedra, não é senão um estrago. A ignorância e o medo do ignorante são radicais. E reversíveis. O medo produz ignorância e a ignorância produz medo. E o medo alucina, fabrica cortinas que apagam o saber, chega a disfarçar de ignorante o próprio sabedor. A ignorância ata, amarra, prende e produz paralisias amedrontadas. Ou ameaças amedrontadas. E o denominador comum destas frações, cujos numeradores são a ignorância e o medo, é a confusão. Instala-se, aduba, viceja como vivaz erva daninha, a confusão. Sem mondadores expertos, a paisagem, ao sabor da confusão, alastra como um vasto campo de espontâneas e convictas asneiras. Asneira, a bela flor da confusão, filha dileta da ignorância e do medo!
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