Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
"Tal como surgiu diante dos meus olhos, a esta hora meridiana, fez-me a impressão de uma alegre oficina da sabedoria." (Umberto Eco, O Nome da Rosa)
ELE andava por aí, meio distraído, por entre as enxurradas de palavras sopradas aos quatro, aos seis, aos sete ventos... Volta, não volta, na ininterrupta corrente verbal, lá vinha, soprando mais alto à cabeça de uma frase, o EU: bom, muito, muito bom, varria tudo com rajadas de insulto, depreciação, crítica. E tudo, todos os eles incluindo ELE, sarabandeava para os cantos como coisa que não presta mesmo para nada. Então, ELE despertou da sua distração. Cabisbaixo mas furioso, investiu contra a força da corrente, correu, saltou e, chutando o EU do princípio da sua frase, conseguiu apanhar-lhe o lugar. Tranquilamente, sentou-se aos comandos e desatou a varrer tudo com críticas, insultos, depreciações. Sentiu-se bom, muito, muito bom. Sentiu-se EU.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.