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"Tal como surgiu diante dos meus olhos, a esta hora meridiana, fez-me a impressão de uma alegre oficina da sabedoria." (Umberto Eco, O Nome da Rosa)
O tempo da educação de Antónia foi o da descoberta da leitura social e terapêutica, a leitura como mezinha para todos os males do crescimento mental e sensitivo: preventiva, curativa e placebo. A mãe, pessoa que cumpria a aparência dos protocolos culturais, tinha até ouvido, numa das sessões que frequentara, que o pai deveria estar a ler enquanto a criança nascia. E mesmo para a barriga da mãe antes do nascimento. E comprou até livros de plástico para os banhos do bebé. E de pano, para o bebé meter na boca. Mais tarde, quando foi hora disso, Antónia teve muitos, muitos, livros a sério. Tomou o seu livro como os meninos antigos tinham tomado o seu óleo de fígado de bacalhau e o seu cálcio granulado. Cordatamente. Em criança, enquanto lia, com mais ou menos consciência ia engolindo vocabulário, frases, cenas, desenlaces, figuras e, nos casos em que verdadeiramente a coisa acontecia, emoções, revelações, segredos…
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