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"Tal como surgiu diante dos meus olhos, a esta hora meridiana, fez-me a impressão de uma alegre oficina da sabedoria." (Umberto Eco, O Nome da Rosa)
— Por falar em histórias, vou-lhe contar uma. Esta tem graça. Ó Mendes, você calcula até onde já chegou a alarvidade das nossas ainda chamadas livrarias?
— Mais ou menos.
— Vai ver que não. Um dia destes, fui dar com o seu livro, o Língua e literatura, irmãs desavindas? na secção das novelas light.
— Anh?
— Pois é, anh. E mais. Prepare-se: quando eu pego no livro e interpelo o empregado, ele sai-se de lá com esta: — Mas atão esse não é o livro do Mendes, o gajo do concurso?
— Ó Salles, por amor de deus, deixe-se lá de chinês e explique-se.
— O empregado da loja pensou, muito bem pensado, que um livro com o título de irmãs desavindas (para ele, as palavras anteriores eram só explicação) era assim tipo Família Destroçada e que Mendes só havia um, o do concurso e mais nenhum, e toca de pôr o seu denso tratado de linguística entre O homem que me batia e A vitória do amor.
— Porra, Salles, isso também já é demais. Caraças. Então o gajo não viu lá escarrapachado língua e literatura?
— Viu, viu. Mas sabe o que é que ele me disse quando lhe falei nisso? Atão, tudo o que se escreve, não é tudo língua e literatura?! Assim, toma lá. E, depois de eu lhe explicar tudo bem explicadinho, quando me afastei, ainda o ouvi dizer e qual era o mal? Se calhar assim, até vendia mais... Tome lá!
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