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"Tal como surgiu diante dos meus olhos, a esta hora meridiana, fez-me a impressão de uma alegre oficina da sabedoria." (Umberto Eco, O Nome da Rosa)
O povo antes queria as óperas do Judeu. — Tinha razão; mas queimaram-lho e o povo deixou queimar.
Coitado do pobre povo!
Com o dinheiro que ele suava para as óperas italianas, para castrados, para maestro e maestrinos, podia ter quatro teatros nacionais; e o Garção que lhe fizesse comédias que haviam de ser portuguesas deveras, porque o Garção era português às direitas.
Tinham-lhe queimado o António José porque diz que não comia toucinho; mataram-lhe o Garção numa enxovia por escrever uma carta em inglês.
E o povo deixou matar. Por isso ficou sem teatro. Não seja tolo.
E eram duas calúnias atrozes ambas elas; o António José comia um prato de torresmos como qualquer cristão velho, e o Garção nunca escreveu tal carta em inglês. Com o primeiro foi vingança ignóbil de algum frade fanático; com o segundo foi mais ignóbil vingança ainda, a de um ministro que blasonava de filósofo!
No reinado seguinte era pecado subirem mulheres à cena. Façam lá Zairas ou Ifigénias para representarem barbatolas!
Introdução a Um Auto de Gil Vicente
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