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"Tal como surgiu diante dos meus olhos, a esta hora meridiana, fez-me a impressão de uma alegre oficina da sabedoria." (Umberto Eco, O Nome da Rosa)
Alice era uma menina muito alegre, comunicativa e desembaraçada.
Vivia numa grande cidade e a sua casa, como muitas outras, fazia parte de um grande edifício onde moravam muitos outros meninos. Entre eles, tinha bons amigos com os quais gostava muito de brincar. Na escola, no jardim do bairro onde morava ou mesmo em casa, a Alice aproveitava bem o tempo em brincadeiras que a deixavam muito feliz. Geralmente tudo corria bem: todos gostavam de brincar com ela. No entanto, também havia dias de azar. Dias daqueles em que parecia que tudo se virava contra a sua grande vontade de jogar à bola ou às adivinhas. Ou, até, a um outro jogo que se chamava «bom barqueiro» e que fora a avó que lhe ensinara. E sabem porquê? Porque era domingo e, como não havia escola, parecia que todos os pais tinham resolvido ir passear com os filhos para fora da cidade. Ou, então, porque era inverno e, de repente, parecia que todos tinham resolvido ficar constipados.
Em dias como esses, a Alice, que não estava constipada nem tinha sido levada pelos pais a passear, ficava um pouco triste por não ter com quem brincar. Mas, embora um pouco triste, não desistia. Resolvia tentar a sorte com o que tinha mais à mão. E quem é que a Alice tinha mais à mão? Ora, eram o pai, a mãe e o irmão, mais velho seis anos do que ela. Punha-se a andar de volta deles a pedinchar-lhes para virem brincar ou para a deixarem ver e mexer no que estavam a fazer. Às vezes conseguia. Às vezes a Alice conseguia pôr o pai a brincar às escondidas. Ou a mãe a responder a adivinhas que tinha aprendido na escola. Já o irmão, sempre com o nariz metido no computador, era mais difícil de conquistar. Mas, outras vezes, tudo corria mal e, depois de ela andar e andar de volta deles naquela cegarrega: «— Anda brincar comigo!», perdiam a cabeça e até chegavam a alterar a voz para a mandarem sair dali.
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