Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]

scriptorium

"Tal como surgiu diante dos meus olhos, a esta hora meridiana, fez-me a impressão de uma alegre oficina da sabedoria." (Umberto Eco, O Nome da Rosa)


Terça-feira, 25.03.14

DEBATE TELEVISIVO

 

 

Fazia parte do painel. Decorria o debate. Ao ouvir o comentário aos dados estatísticos acabados de apresentar, levado pela sensação incerta de que, ali, talvez alguma coisa não batesse certo, num gesto impulsivo, pouco consciente, disse:

— Um dia a palavra pobreza ainda lhes estoura na boca!

O programa teve de ser interrompido, mas a coisa remediou-se. Não era dinheiro o que lhe faltava.

Autoria e outros dados (tags, etc)

por Maria Almira Soares às 21:01

Quarta-feira, 19.03.14

O EXCESSO DA ARTE NUM PROFESSOR POR DEFEITO

 

 

[...] um Vergílio Ferreira que não se considera vocacionado para a profissão, mas que não se considera, por isso, impedido do exercício profissional competente; a dualidade paradoxal (abissalmente discordante do senso comum nesta matéria) de que a vocação é um obstáculo no caminho da competência profissional do professor: «Fez bem que não seguiu a sua vocação. Eu também a não segui. E no entanto sentia que os seus alunos não podiam passar sem ele.» Nesta afirmação reside uma das entradas-chave para coerentemente equacionar um sentido para as afirmações/negações vergilianas acerca do seu ser-professor.

«Mas sem padrinhos também não ia arriscar-me a uma profissão livre.» Esta afirmação convoca a questão da necessidade existencial de uma figura paternal falhada, cuja frustração mais profunda e mais traumática foi a ocorrida em ambiente de radicalidade escolar, o do seminário e, daí, a associação da falha à necessidade e à conveniência de profissionalmente permanecer ao abrigo do tecto real e simbólico da Escola. Este paradoxo, que junta padrinhos e liberdade, que coessencializa liberdade e pai (padrinho é um pai suplente), reforça a legitimidade da convicção de que, no cerne da sua escolha profissional, mais do que condições contextuais, incluindo as socioeconómicas, estão as condições existenciais dessa incapacidade de viver sem o limite de um padrão que lhe seja prévio. De não arriscar totalmente e só em si. Trata-se de segurança existencial alterada, iludida pelo efeito apagador da proximidade da questão material. Pai, apagado em padrão, apagado em padrinho, que os três participam do mesmo gene verbal e, bem assim, semântico e, bem assim, existencial. Sem pai, acolhe-se numa profissão padronizada que será a sua forma de ter alguma espécie de padrinho, de cumprir o seu inelutável e confesso «anilhamento» existencial que, simultaneamente, a sua arte de escritor rompe e a sua profissão de professor garante. Abriram-lhe, na alma, um lugar para o que não era para ser, escolarizando-lha. Razão mais funda do que a vocacional. Professor, não por tendência natural ou jeito pessoal, mas por virtude criativa das voltas complexas da sua modelação existencial. E, afinal, razão mais produtiva, porque lhe permite ser o fictor, o escultor, da sua figura de professor, colocando o problema (crucial na identidade docente vergiliana) da distância entre a persona profissional e a pessoa e patenteando ainda a verdade fundamental de Vergílio Ferreira se ter tornado professor como personagem de si mesmo, como quem se escreve em vida, em espécie. [...]

Autoria e outros dados (tags, etc)

por Maria Almira Soares às 23:15

Segunda-feira, 17.03.14

JOÃO E O POEMA

 [...]

Não sei se é verdade, mas acho que os livros, quando passam assim muito tempo quietinhos nas estantes, começam a ter ideias fantasiosas. Até acredito que, uma noite, quando estava tudo às escuras na casa velha, um deles se pôs a pensar assim: – Estou eu aqui, tão perto deste aqui ao lado, e nunca falámos! Afinal, para que tenho eu dentro de mim a palavra «Olá!»? E ele? Para que tem ele a frase «Gostei de falar contigo.»? Se eu nunca lhe disse «Olá!»… E ele nunca me disse «Gostei de falar contigo.»… De facto, parece natural que um livro saiba que palavras tem dentro de si e fique a saber as dos outros, quando os ouve a serem lidos em voz alta, como fazia frequentemente o professor Sousa. Mas aquele ia longe demais. Além de ser um livro refilão como vimos ao escutar os seus pensamentos, sonhava com coisas impossíveis. Toda a gente sabe que é impossível os livros falarem diretamente entre si. Só através dos leitores… Por isso, lá continuavam todos, capa com capa, ao lado uns dos outros, muito caladinhos, a não ser quando eram lidos. O João é que não podia sequer imaginar semelhante coisa, pois, por enquanto, nem sonhava que o professor Sousa, afinal, vivesse na companhia de tantos e tantos livros. Durante muito tempo, limitou-se a passar por ali, entretendo-se a olhar com curiosidade aquela casa que achava tão bonita. Mas, um dia em que a vida ia decorrendo como de costume, de repente, aconteceu uma coisa terrível. Houve um terramoto naquela cidade. Quase todos os edifícios da rua do João se mantiveram de pé com poucos ou nenhuns estragos. Tinham sido construídos para resistirem. Só a casa velha é que não. Ruiu. Desfez-se em caliça. Por sorte, no momento do terramoto, o professor Sousa tinha saído. Fora comprar o jornal. Mas os livros não vão comprar jornais e, por isso, ficaram esmagados. Eles, que tinham sido tão bonitos, agora destroçados, desfeitos, espreitavam por debaixo dos escombros. E foi desta maneira infeliz que o João ficou a saber que também eles tinham habitado aquela casa.

[...]

Autoria e outros dados (tags, etc)

por Maria Almira Soares às 17:40

Sábado, 15.03.14

MEU QUERIDO LIVRINHO!

 

 

[...]

O Luís, quando lê esta parte da história, sente-se a ir também naquele barco, a escorregar pela água macia pintada de azul e até imagina que vê a sua cara entre as dos meninos que estão debruçados do navio a dizer adeus. Às vezes, aponta para um menino do desenho que acha parecido consigo e diz:

— Este sou eu.

Ora acontece que, por gostar muito destas páginas, é nelas que o Luís deixa ficar o livro muito tempo aberto. Abre-o tantas vezes aqui que, agora, quando pega nele e se prepara para ler, mesmo antes de o começar a folhear, zás, é logo aí que ele se abre sozinho. Até parece que já percebeu que são estas as suas páginas preferidas. As páginas seis e sete é que já estão a ficar um bocadinho cansadas e com vontade de passar algum tempo sossegadas, quietinhas, recostadas sobre as outras a repousar. Mas que hão de fazer? O trabalho de um livro é este: deixar as mãos das pessoas passarem as suas folhas, enquanto os olhos vão demorando o tempo que lhes apetece em cada uma delas. Paciência! Parece que os livros têm mesmo de ser assim, muito pacientes, e deixarem-se levar pela vontade e pelo gosto dos seus leitores. Há casos, porém, em que a paciência tem limites, como costuma dizer a mãe do Luís, quando ele faz tropelias demais. É este o caso: o livro, coitado, está mesmo a chegar ao limite da sua paciência. O Luís não o larga. Anda sempre a abri-lo e a fechá-lo, a lê-lo e a relê-lo. Ufa! E um dia:

— Isto é demais! Já não aguento mais! — Desabafa o livro, que tem vontade de variar. Quer experimentar outros leitores que tenham olhos, mãos, pensamentos, diferentes. Que se ponham a olhar demoradamente para outras páginas que também são lindas. Que leiam mais depressa ou mais devagar. Enfim, sente-se condenado às mãozinhas papudas, aos olhos muito abertos, à curiosidade nunca satisfeita deste menino que não o larga. E sonha que, se conseguir esconder-se e fugir da vista do Luís, talvez alguém diferente o encontre, pegue nele e se ponha a lê-lo... Mas o seu sonho é logo interrompido. Lá vem outra vez o seu único leitor, prontíssimo para se pôr de novo a folheá-lo. Desta vez, porém, o livro não se contém e:

— Que chatice! Caramba, já me deves saber de cor e salteado. Vê lá se aprendes a ler outra coisa.

Só que o Luís já está tão entretido a olhar para o barquinho das páginas seis e sete que nem o ouve. Tudo continua na mesma. É o desespero. Farto de ter só um leitor, o livro vai passar à ação: resolve fugir. Então, começa a arranjar as mais variadas artimanhas para tentar esconder-se: mete-se na estante da sala, atrás dos outros; salta para a alta pilha de livros em cima da mesinha de cabeceira do pai do Luís; deixa-se cair para trás dos móveis... Mas nem assim consegue resolver o problema. Naquela casa, são todos muito arrumadinhos e alguém acaba sempre por o encontrar e vir com ele na mão e a resmungar:

— Ó Luís, vê lá se aprendes a tomar conta das tuas coisas e não as deixas assim por aí, em qualquer lado.

[...]

Autoria e outros dados (tags, etc)

por Maria Almira Soares às 20:24

Sexta-feira, 14.03.14

EM EDUCAÇÃO É PELO MÁXIMO QUE SE VAI AO MÍNIMO.

 

 

        Há coisas difíceis de avaliar no sentido mercantil da palavra: a leitura, por exemplo. O que vale ler? Muito. Ler os grandes autores de uma literatura? Muitíssimo. Fazer os nossos jovens lerem na escola os autores máximos da literatura portuguesa? Sem preço. Haverá, desta questão, outra consciência e razões para a razão dela.  Poderão, no entanto, consciência e razões serem inexatas e a inexatidão é uma coisa precária. Todos os que aduzem razões têm razões para isso. Mas ter a sua razão não é ainda ter razão. Melhor do que ter a sua razão é ter a verificação pela experiência de que o melhor lugar para conhecer a língua portuguesa são os grandes textos literários. Ter a longa experiência de que se ensina/aprende com grande clareza e eficácia a língua portuguesa lendo os grandes textos literários portugueses. O resto mora noutras moradas. Se não se ensina língua com os grandes textos literários, a causa não está nesses textos, mas alhures. Se não se sabe ensinar língua com os textos literários, deve aprender-se a fazê-lo. Saber-se-á fazê-lo com outros textos? Que uso da língua dar-se a saber? E que inibição no conhecimento da língua não plantar? Apenas procuram a segurança autoprotetora, a defesa contra o tormento da verdade: o olhar que desenraíza a língua das grandes realizações humanas que com ela se fazem; o olhar que só a vê formal e abstratamente, na pulsão de a explorar de modo entrópico; o olhar que a estuda na solidão da frase e da palavra, cortadas dos mundos que inevitavelmente elas constroem e do desdobramento de versões que de si mesmas fazem na comunicação literária. A clareza da gramática ou se entende na riqueza da língua ou torna-se uma técnica, uma linguagem no pior sentido. A incapacidade de integrar riqueza e clareza leva à escolha da facilidade. Leva ao destruir da casa para matar a pulga. E até pode ser que a pulga escape. Ficar-se-á, então, sem a casa, sem a casa do ser, enquanto se vai saltitando muito pelos variados discursos utilitários. A escola tem obrigação de ensinar a Língua Portuguesa no e com o que Gil Vicente, Camões, Vieira, Cesário, Pessoa... fizeram com ela. Orientar a leitura não é sinónimo de estreitar; é uma coisa laboriosa e difícil que se faz enquanto se lê. A escola deve alimentar, deve aumentar, deve engrandecer, e não fornecer doses de fast language. Não deve viver da repulsão da incerteza, mas para o maravilhamento com a polissemia, para o encanto de, lá no meio da mágica floresta verbal da literatura, habitar também a pedra dura da gramática bem explícita. Deve mostrar a diferença e a estranheza e não ficar-se pela massificação verbal, pela bata estilística do texto que serve para. Aos jovens na escola, não são devidas apenas meia dúzia de técnicas textuais ou discursivas em que a língua significa em fórmulas fechadas, prontas a funcionar. E este não é um debate ocioso sobre a presença ou ausência deste ou daquele autor ou ainda da sobra de um restinho daqueloutro; trata-se de modos de aprender. Aprender a fazer um relatório é só aprender a fazer um relatório e imitar uma notícia de jornal nem sequer ensina a ler a notícia do jornal, porque o jornal só é bom de ler quando se lê com os nossos olhos e, sobretudo, se os nossos olhos vierem cheios de Gil Vicente e Vieira e Camões... Em educação é pelo máximo que se vai ao mínimo. Quando só se dá o mínimo, apenas se suscita íntimo desprezo ou nula aceitação. Sem grandeza não há grande educação.

Autoria e outros dados (tags, etc)

por Maria Almira Soares às 14:09

Sexta-feira, 14.03.14

A MINHA ESCOLA

 

  

 

   «Um dia a escola acaba...» dizia eu aos meus alunos, maneira de lhes fazer ver que deviam aprender para a vida. E agora penso: para cada um que termina os seus estudos escolares, a escola não acaba... prolonga-se-lhe na memória; quando ele sai, a escola vai com ele.

     Todos os anos, alunos partem, deixando o seu lugar vago para os que entram de novo, mas, em verdade, nunca perdem esse lugar. Toda a vida hão de dizer: «A minha escola.» Se um dia foram da escola, sempre serão da escola. Partem, mas ficam. Ficam, também, na lembrança daqueles que os veem chegar e partir, que os ajudam a fazer da escola a sua escola. A idade de uma escola não é apenas a do calendário: é o tempo de todos os que a fizeram.

Autoria e outros dados (tags, etc)

por Maria Almira Soares às 13:23

Sábado, 08.03.14

HISTÓRIAS ACERCA DE UMA HISTÓRIA

Porque escrevi eu esta história? Houve várias razões. Uma — a minha preocupação com a falta de cuidado com que, muitas vezes, se escreve e fala a língua portuguesa. Levou-me, esta preocupação, a pensar nas palavras, nas frases, coitadas, a verem-se desfiguradas e a sentirem-se como quando nos trocam o nome e não gostamos mesmo nada, ficamos zangados. Então, inventei uma revolta, uma revolta de frases em luta pela correção da escrita da nossa língua. Outra — a minha vontade de que uma história cheia de impossíveis se passasse numa escola. Porque é que as histórias de encantar hão de sempre passar-se em florestas, castelos, em mundos de fantasia? Como e onde se iria passar a revolta destas frases? Porque não numa escola? Pensei que a escola, para além de ser um lugar onde se sucedem aulas e outras coisas afins, poderia ser, pode ser, um lugar habitado pelo fantástico. Porque é que uma história onde acontecem coisas impossíveis não se há de passar numa escola, com personagens que são professores, alunos, o diretor, funcionários? Porque é que um sítio que faz parte da nossa vida de todos os dias, não pode tornar-se no lugar em que acontecem projeções mágicas, em que misteriosas frases falam em público ou desaparecem inexplicavelmente, em que um diretor conversa amigavelmente com uma frase que sente, pensa, gesticula? Uma frase vermelha. Porque é que D. frase é vermelha? Porque o vermelho é uma bela cor que sobressai nas paredes e nos tampos das mesas escolares? Porque o vermelho é a cor da revolta? Porque D. frase — Deixem-me em paz! está irritada com a situação e, quando nos irritamos, ficamos corados? A verdade é que, nisto, não pensei antes de escrever esta história.

Autoria e outros dados (tags, etc)

por Maria Almira Soares às 20:38

Sábado, 08.03.14

O GÉNIO DO ENSINO

 

Imagino que me aparece o Génio do Ensino e, como é da tradição dos génios, me propõe formular três desejos. E que, sem hesitar, eu aproveito para dar voz a três graves urgências e não demoro a responder. Em primeiro lugar, respondo que é absolutamente urgente: — que a nossa literatura clássica regresse em força aos programas de português; que a sua presença, agora tímida e residual, deixe de ocupar um lugar distributivo, mas passe a ser central nesses programas; que se desqualifiquem os falsos argumentos que a têm retirado e que se qualifique a experiência demonstrativa de que quem sabe ler Os Lusíadas ou os Sermões de Vieira sabe servir-se dos textos do quotidiano, enquanto o contrário não é verdadeiro; que a determinação das leituras programáticas não seja consequência de uma visão precária, pessoal ou grupal, mas fruto de um pensamento estruturado sobre desígnios fundamentados; que se encarem, lá onde elas residem, as aduzidas dificuldades na leitura dos grandes, belos e indiscutíveis textos, em vez de os transformar na causa perversa do miserabilismo literário dos programas; que a programação do ensino do português seja fonte de enriquecimento cultural e não consequência de administrativismos. Logo a seguir, respondo que é absolutamente urgente: — «refazer» os professores de português com profundos e alargados saberes e experiências, nomeadamente a da leitura; configurar e atestar a sua identidade profissional em contextos de formação credíveis e exigentes; «construir», na pessoa que se sente capaz, preparada para ser professor de português, uma persona profissional criadora de valor cultural; destruir o alisamento do professor como funcionário, investindo séria e persistentemente num quadro de formação que faça dele uma autoridade. Finalmente, respondo que é urgente: — que a ocasional novidade do ensino de uma nova ortografia seja uma oportunidade para dar atenção à grafia das palavras, habitualmente pouco valorizada; que a mudança ortográfica proporcione uma rigorosa e honesta atenção à etimologia, que tanta curiosidade desperta; que a língua seja vista como um bem comum e não como um objeto que usamos e estafamos como se pertencesse só a cada um. Quanto ao poder de um Génio para concretizar estes três desejos… fico a pensar que o engenho é necessário, sim, mas tem de ser temperado com muito estudo.   

Autoria e outros dados (tags, etc)

por Maria Almira Soares às 20:28

Domingo, 02.03.14

FÁBULAS BREVÍSSIMAS

POESIA & PROSA

Era uma vez um poeta. Um dia, resolveu deixar de escrever poesia. Estava cansado dos intervalos entre os poemas. Iria escrever em prosa. Começou, continuou... mas não sabia como acabar. Ainda hoje por lá anda à procura da última palavra.

Autoria e outros dados (tags, etc)

por Maria Almira Soares às 16:58

Terça-feira, 25.02.14

HISTÓRIA ANTIGA

 

 

Uma vez, um professor deu aos alunos um enunciado de Redação que dizia: Imagine uma viagem interplanetária.

Um aluno escreveu: Já imaginei.

O professor atribuiu-lhe a nota máxima.

Autoria e outros dados (tags, etc)

por Maria Almira Soares às 17:12


Mais sobre mim

foto do autor


Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Pesquisar

Pesquisar no Blog  

calendário

Fevereiro 2024

D S T Q Q S S
123
45678910
11121314151617
18192021222324
2526272829