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"Tal como surgiu diante dos meus olhos, a esta hora meridiana, fez-me a impressão de uma alegre oficina da sabedoria." (Umberto Eco, O Nome da Rosa)
Simultaneidade? Paralelismo? Metaforização? Identificação? Integração? Homogeneidade? Atrito? Paradoxo?
Desinteresso-me da hipótese de leitura e educação serem meros processos paralelos, cujo espaço interactivo seria um lugar cego, habitado por simultaneidades proféticas, o que, deste modo e nos próprios termos, impossibilitaria a análise da relação que procuro compreender.
Desinteresso-me da hipótese da dupla e reversível metaforização que toma ler como educar e figura, no educar, uma aplicação do ler, porque a razão de ser desta conexão se situa principalmente no plano nominal do jogo retórico, acumulando espessura verbal sobre um pensamento que se exige clarificador.
Assim, passo, liminarmente, ao interesse pelo debate sobre se, no acto escolar de educar leitores, educação e leitura são práticas harmonicamente conjugáveis, em ambiente de homogenia, ou se a significação do mútuo efeito de atrito, gerado na educação escolar do leitor, reclama uma chave interpretativa da ordem do paradoxo. É esta a questão que coloco como primeira entrada num percurso de clarificação do conceito de educabilidade escolar do leitor.
Esta abordagem problematizadora da conexão entre educação e leitura (na sua vertente: educa-se o leitor?) é, nos relatos de experiência frequentemente produzidos, invertida e ocultada, em prol da aceitação de uma suposta evidência testemunhal: a da harmonia implicada nos aparentes resultados educacionais positivos da leitura. Deste modo, a bondade educativa da leitura (presumida a partir do reconhecimento cego dos seus resultados e, a partir deles, generalizada) e, bem assim, a forçosa harmonia aí implicada, abatem a complexidade do problema até à superficialidade demonstrativa de um ovo de Colombo. A colocação de todo o horizonte de interesse do lado do efeito prejudica oportunidades de reflexão sobre a natureza e condições da educabilidade do leitor. O ah! conclusivo e aprovador absorve a questionação do processo, como se este fosse também evidente e participasse da energia benéfica do seu resultado. Educar e ler euforicamente homogéneos?
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