Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]
"Tal como surgiu diante dos meus olhos, a esta hora meridiana, fez-me a impressão de uma alegre oficina da sabedoria." (Umberto Eco, O Nome da Rosa)
Muitas vezes, a reflexão que por aí se faz sobre a leitura defende que é preferível ler “lixo” do que não ler nada e que, uma vez lido o “lixo”, isso empurrará o leitor para a leitura de textos literários. A minha posição sobre esta questão é polarmente oposta. Em minha opinião, a coisa deve desenvolver-se no sentido oposto, o de alcançar a incapacidade total de ler “lixo”: ler a bela e boa e admirável literatura até chegarmos ao ponto de, ao pegarmos num livro de José Rodrigues dos Santos, por exemplo, e ao tentarmos ler ao acaso um seu parágrafo, sentirmos uma agonia, fazermos um esgar e fugirmos a sete pés. Ah, e há ainda outra coisa: as leituras é que podem ser difíceis, não os livros; um livro está disponível para as várias leituras que dele se façam; a leitura ingénua de um livro complexo é uma coisa muito interessante. E só mais uma coisa: a melhor maneira de apurar uma leitura e de melhorar leitores é conversar com eles sobre ela, a leitura. Coisas simples.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.