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"Tal como surgiu diante dos meus olhos, a esta hora meridiana, fez-me a impressão de uma alegre oficina da sabedoria." (Umberto Eco, O Nome da Rosa)
E em tudo isto era o arruído tão grande que se não entendiam uns com os outros nem determinavam coisa nenhuma. E não somente era isto à porta dos Paços, mas ainda em redor deles, por onde pudessem estar homens e mulheres. Umas vinham com feixes de lenha, outras traziam carqueja para acender o fogo, cuidando queimar assim o muro dos Paços, e diziam muitos doestos contra a Rainha. De cima não minguava quem bradasse que o Mestre era vivo e o Conde João Fernandes morto, mas isto não queria nenhum crer, dizendo: «Pois se vivo é, mostrai-no-lo e vê-lo-emos!» Então os do Mestre, vendo tão grande alvoroço como este e que cada vez se acendia mais, disseram que fosse sua mercê de se mostrar àquelas gentes, que doutra guisa elas poderiam quebrar as portas ou lhes pôr o fogo e, entrando assim por ali dentro à força, não as poderiam depois tolher de fazer o que quisessem. Então se mostrou o Mestre a uma grande janela que dava para a rua onde estava Álvaro Pais e a mais força da gente, e disse: «Amigos, apacificai-vos, que eu vivo e são sou, a Deus graças.» E tanta era a turvação deles e assim tinham já em crença que o Mestre era morto, que tais havia aí que aporfiavam que não era aquele.
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