Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]
"Tal como surgiu diante dos meus olhos, a esta hora meridiana, fez-me a impressão de uma alegre oficina da sabedoria." (Umberto Eco, O Nome da Rosa)
Era uma vez um homem com muita dificuldade, impossibilidade mesmo, em pronunciar sons nasais.
Pois este homem, que nunca nasalava, tinha um cão chamado Caim. Como é que alguém que não pronuncia as nasais põe ao seu cão o nome de Caim?! Ora, toda a gente sabe que há momentos em que a cultura se sobrepõe à fonética. Fora o caso deste homem. E mesmo o do seu cão. Viviam os dois numa cidade grande, meio cega, em que raramente se conhece mesmo aquilo em que, de olhos abertos, se tropece. Fosse como fosse, todos os dias, pelo fim da tarde, o dono do Caim o levava à rua, a passear, e em geral tudo corria bem.
..................................
Naquele dia, porém, o homem tinha mesmo caído. Só o cão acorreu. Mas esse era incapaz de o levantar do chão.
Foi num dia em que a morte estava de serviço.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.