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"Tal como surgiu diante dos meus olhos, a esta hora meridiana, fez-me a impressão de uma alegre oficina da sabedoria." (Umberto Eco, O Nome da Rosa)
Mesmo Camilo, que o que fazia era contar-nos histórias, mesmo Camilo digo, não perdia a oportunidade de expor pensamento, de fazer o seu chiste, de estar, enfim. Os romances de João Pinto Coelho contam-nos histórias, e com grande desenvoltura, mas, neles, o autor não está.
João Pinto Coelho é um arquiteto de histórias, alguém que gasta toda a escrita a compor e a narrar histórias. E a despertar curiosidades e a surpreender expectativas e a construir contextos. Nos romances de João Pinto Coelho, há o gosto da peripécia do drama como diria Garrett. O gosto da disposição das partes que concorrem para um fim. Não se abrem corredores que nos descentrem dos interesses intrínsecos da intriga. João Pinto Coelho desenha os seus romances muito cuidadosamente levando as palavras pelos caminhos planeados para que ergam a história. E o desenho é, por vezes, muito fino, na solidez do volume de acontecimentos. Há uma rede de lógicas planeadamente desocultadas e sabiamente distribuídas como impulsos narrativos. Com perícia e com sucesso.
Os romances de João Pinto Coelho fazem leitores. Leitores que não se perdem, que querem chegar, que querem saber. Não ficam parados, porque pressentem, ou desejam, o futuro da história que até pode ser o seu passado. E, de repente, por um nome, por uma presença, por uma referência, a história desaba e, assim, se constrói. E os leitores sentem-se brindados. N’Os Loucos da Rua Mazur, fiquei mais vezes parada aqui e ali do que em Perguntem a Sarah Gross. E isso foi bom para a leitora que eu sou. N’Um Tempo a Fingir, ainda não sei. Ainda o não li.
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