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"Tal como surgiu diante dos meus olhos, a esta hora meridiana, fez-me a impressão de uma alegre oficina da sabedoria." (Umberto Eco, O Nome da Rosa)
[Les quatre cent coups.]
A escola é por definição um lugar propício ao desenvolvimento de atividades de leitura, um lugar de educação de leitores. Ideal seria que o ensino da técnica da leitura garantisse o surgimento do desejo de ler, mas o desejo não se ensina, provoca-se, desperta-se. Aviva-se a curiosidade, proporciona-se o agrado com efeitos de surpresa agradáveis, fazendo com que ler seja acontecer. A escola pode tornar-se um lugar onde, enquanto se ensina a ler, se desperta a fantasia, se alarga e aprofunda o conhecimento. Os tempos e os modos de ler podem ser vividos na escola como quem satisfaz um desejo, fazendo dos livros um espaço pessoal de liberdade. É conhecida a existência nas escolas de práticas de incremento de actividades de promoção de leitura, nomeadamente nas bibliotecas. Assim, as bibliotecas escolares, para além de lugares de chegada dos que as procuram enquanto espaços de conservação e disponibilização de bens culturais, tornam-se lugares de partida, fortes focos irradiadores de educação de leitores, através do desenvolvimento de projetos de leitura. A inserção coerente de projetos de leitura, na educação escolar, pode ser configurada de modos vários, mas deve sobretudo apresentar consistência e naturalidade, não revestindo um caráter meramente impositivo, nem sendo deixada à determinação de caprichos pouco ponderados. Deve ser alvo de reconhecimento positivo, como algo que coopera num desígnio mais vasto, prestigia e se integra de modo harmonioso na área curricular. A leitura pode ser vista como um vasto campo onde se cruzam os objetivos diversificados das várias disciplinas que constituem o currículo. Disponíveis para o desenvolvimento dos alunos enquanto leitores, existem autores e obras relacionáveis com diversos ramos do saber, por exemplo dentro do género biografia de pessoas célebres. A leitura não se confina à ficção, ao teatro e à poesia (relembro as crónicas, as memórias, os diários, os ensaios) e tematicamente pode cobrir um largo espetro de referências articuláveis com o âmbito dos saberes das várias disciplinas do currículo, suscitando o gosto e servindo de elemento articulador de conteúdos curriculares diversificados. Obras selecionadas dentro destes princípios podem ser base de projetos de leitura tão interessantes quanto produtivos.
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