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"Tal como surgiu diante dos meus olhos, a esta hora meridiana, fez-me a impressão de uma alegre oficina da sabedoria." (Umberto Eco, O Nome da Rosa)
Vergílio Ferreira vê, na inexistência de uma conjugação natural com uma profissão não procurada a partir de si, mas induzida por circunstâncias de vária ordem, a oportunidade de construir a sua persona professoral, desligada de qualquer adesão afectiva e muito determinada pelas suas convicções ideológicas, existenciais, estéticas. Não gosta de ser professor; torna-se professor como parte de um processo de paulatina inculcação da tendência escolarizadora da sua vida. Ser professor apresenta-se-lhe como conveniente ocupação do lugar, em si disponível, para uma profissão. Não nasceu professor, aceitou-se e construiu-se professor. E talvez o tenha feito com tal perfeição que chegou até a fazer-se perceptível como um professor que gosta de ser professor. Daí a necessidade de constantemente lembrar que «não, não gosta mesmo». Esta negação do gosto é fulcral, porque fundadora do vazio sobre o qual se constroem todas as opções identitárias do professor Vergílio Ferreira.
Não quero ser um vil moinho de ensinar.
Perante a necessidade de construir uma identidade docente, não escolhe identificar-se com as versões institucionais do ser-professor que, com alguma variação, vão sendo contemporâneas do seu devir profissional. Não enquadra o seu exercício da profissão nos limites do cumprimento dos mínimos obrigatórios determinados pela dimensão institucional, nem transforma esse cumprimento em medida de realização profissional. Não é um burocrata do ensino. Pelo contrário.
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