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"Tal como surgiu diante dos meus olhos, a esta hora meridiana, fez-me a impressão de uma alegre oficina da sabedoria." (Umberto Eco, O Nome da Rosa)
E o velho e provado otium, de onde saíram Cíceros, Horácios e até Virgílios, torna-se negotium e as eneidas e os monumentum aere perennius e os de senectute são agora composições talhadas por mestres em efeitos agradáveis e comoventes. Uma gama de variações de modelos acertados nas chancelarias editoriais que antes de o ser já o eram. São histórias intencionadas, dirigidas, teleguiadas aos corações e às distrações dos leitores. Coisas parecidas com literatura. Que, na ausência ou no resguardo tímido da própria, lhe ocupam o lugar e respondem pelo nome quando são chamadas a debate. Quase ninguém dá conta e o regozijo parece geral. Que bom, que panóplia de excelentes escritores que, depois de corrigidos e aparados, enriquecem montras e fastos literários! E satisfazem leitores e geram leitores. Regozijo geral. Apenas uma coisa não comparece, ou comparece pouco, muito pouco, cada vez menos: a literatura. Quem, porque tem conhecimento e lucidez, apesar de se deixar navegar na onda, não consegue evitar a preocupação convence-se de que se trata apenas de um passo ínvio para se reencontrar o caminho certo mais à frente. Crise de crescimento, dizem, não reparando que a árvore cresce segundo a semente e que é na semente que se está a dar a troca. Ora, a literatura...
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