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scriptorium

"Tal como surgiu diante dos meus olhos, a esta hora meridiana, fez-me a impressão de uma alegre oficina da sabedoria." (Umberto Eco, O Nome da Rosa)



Terça-feira, 02.12.14

PSEUDOFICÇÃO NADA-LITERÁRIA

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Uma nova tipologia textual, a pseudoficção nada-literária, brota abundantemente num quadro contextual que dá pelo nome de facebook, embora nada tenha de book e seja amplamente duvidoso que alguma coisa tenha de face. As caras têm bocas e falam. Já as fotografias são só fotografias e não falam. Comunicam, é certo, mas não falam. E não olham, fixam. Os livros são feitos de palavras. Um livro é um conluío de palavras. E, às palavras, primariamente, só podem acontecer duas coisas: serem escritas/faladas e serem lidas/ouvidas. A partir daí ficam indefesas, prontas para tudo o que com elas queiram fazer. Como às palavras pode acontecer serem escritas, está a acontecer-lhes serem parte de uma escrita que não é ficção nem deixa de o ser e que, em absoluto, não é literária. É diferente ser livre no alto da montanha ou ser livre dentro de casa. A uma palavra proferida no alto da montanha não acontece embater numa parede. O facebook não é uma casa, mas é, indubitavelmente, uma construção com as suas coordenadas abrigacionais detentoras de um poder gerador de usos de palavras. Usos que não estão cometidos da liberdade criadora da ficção literária. A não ser que pseudoprefixada. Usos pseudoficcionais que predominantemente capturam outros usos que aí poderia haver e por vezes há: aqueles que consistiriam e por vezes consistem em ser isso apenas um meio, um mensageiro, um transporte de informação pública. A pseudoficção nada-literária é uma tipologia textual na interseção de reflexos, ecos, imagens, deixas, réplicas, saudações, whatever ... uma teia palradora, silenciadora do silêncio e encobridora do vazio, detentores de um vero poder ficcional. A pseudoficção nada-literária nasce na ausência do silêncio e do vazio que há na liberdade do alto da montanha. A sua condição de existência é a absoluta ausência de Arte. Resulta de um cocktail de denominações prévias: ou é post, ou é comentário, ou é... é ver o catálogo... São palavras indefesas a tornarem-se uma tipologia textual desprovida do que nas palavras é ovo de Fénix e do que na ficção é voo que arde. Pseudo.

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por Maria Almira Soares às 21:41



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